O maior conflito da atualidade no mundo do poker tomou conta dos holofotes no Twitter durante os últimos dias e a discussão sobre a mão jogada por Garret Adelstein e Robbie Lew segue sem uma conclusão. Desde o último sábado, muita coisa já aconteceu e alguns desdobramentos importantes já ocorreram sobre o tema, ainda que não se chegou ao desfecho. (Você pode conferir o caso aqui)

O primeiro e mais importante deles foi que o Hustler Casino resolveu contratar uma investigação especial para o caso. De acordo com os proprietários Nick Vertucci e Ryan Feldman, uma perícia independente foi escolhida para investigar minuciosamente o ocorrido e chegar a uma conclusão definitiva. O Hustler Casino divulgou uma nota que dizia, entre outras coisas:

“Apesar de termos confiança na segurança da nossa tecnologia e na integridade do nosso staff, enfrentamos as alegações com muita seriedade e compreendemos que tudo é possível. Estamos no processo de contratar uma empresa de advogados para liderar a investigação, que incluirá entrevistas ao staff e jogadores, uma análise às gravações relevantes e provavelmente o uso de testes de polígrafo. (…) A investigação será extremamente cuidadosa e pode ser preciso um tempo considerável para se dar por completa. Assim que a nossa investigação terminar, tornaremos públicos os seus resultados – seja qual for o desfecho.

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Os fundadores alegaram que, até o momento, nenhum indício de trapaça foi encontrado. Continuando no lado da inocência, Robbie Lew ganhou muitas opiniões importantes a seu favor. Muitos jogadores renomados a defenderam, dizendo que ela cometeu um erro básico de quem é amador e se confundiu com a pressão para explicar o que fez, em resumo básico.

Sam Grafton foi um dos que ficou ao seu lado: “Na WSOP 2021 joguei com Robbie no 1500 Shootout. Jogamos um heads-up longo até as 22h. Ela fez coisas insanamente não convencionais, obviamente não é prova, mas esta filmagem onde ela está nervosa e não pode explicar seu pensamento combina com minha experiência”. Depois de ados alguns dias, vários outros nomes se manifestaram a favor da jogadora.

Daniel Negreanu, que chegou a cogitar a trapaça no início, foi um dos que se converteu. Faraz Jaka, que dá coach para a jogadora, também fez uma longa lista sobre motivos de que ela não trapacearia. Justin Bonomo, João Vieira, Phil Ivey, Liv Boeree, Vanessa Selbst, Isaac Haxton e Patrick Leonard são mais nomes que estão ao lado da “inocência”.

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Mas, como no exemplo de Tom Dwan, outros nomes ainda acreditam que a falta de argumentação sensata é uma prova de trapaça e, por isso, acreditam que houve, sim, alguma intervenção ilegal. Doug Polk, Rui Cao, Mike Matusow, Shaun Deeb, Mike McDonald e Fedor Holz acreditam que Adelstein acabou sendo alvo de uma trapaça.

Mas o que mais fez a discussão pegar fogo foi o tweet de uma outra mulher, que fez o debate sobre gêneros explodir. Seu tweet teve mais de 15 mil retweets e espantosas 243 mil curtidas:

“Estou ouvindo agora que os caras estão bravos com uma mulher por vencê-los no poker porque ela apostou em uma mão estatisticamente ruim depois de ler as tells de seu oponente, que é, até onde eu sabia, a razão exata pela qual eles chamam o poker de “jogo” e não “estatísticas”.

I am hearing now that dudes are mad at a woman for beating them in poker because she gambled on a statistically bad hand after reading her opponent’s tells, which is, as far as I was aware, the exact reason they call poker “gambling” and not “statistics”

— Katie Martin (@katiedimartin) October 2, 2022

A postagem causou um longo debate e muitos players renomados entraram na discussão. O ponto principal para os jogadores foi que, pelo menos especificamente neste caso, a briga homem x mulher não vem ao caso. Fedor Holz foi um dos primeiros a comentar:

“Para a maioria das pessoas, tem pouco a ver com ela ser mulher e mais com a peça em si. Entendo que pode ser difícil contextualizar se você não tem muita experiência com poker, mas é uma mão que é definitivamente fora do comum e altamente improvável que ela “tenha uma leitura”, escreveu o alemão.

Doug Polk, que também acredita que houve trapaça, explicou seu ponto de vista usando a outra história conhecida, esta de um jogador, para comparar: “Katie, a maior história de trapaça de alguns anos atrás, foi a de um homem trapaceando. Essa história foi coberta nacionalmente. É sobre a mão que ela jogou, não o fato de ser uma mulher”, escreveu o americano.

E não foram só homens que entraram na discussão. Liv Boeree, uma das mais respeitadas jogadoras de todos os tempos, também foi ao tema: “Ex-jogadora profissional de poker aqui: por favor, entenda que você está MORTAMENTE errada sobre isso – há uma *real chance* de que ela estava trapaceando neste caso, e a misoginia tem pouco a ver com isso. Seu tweet está prejudicando a percepção das mulheres no poker a longo prazo, então, por favor, pare”, falou a jogadora.

Susan Ettery também se ateve apenas à mão: “Você absolutamente não pode pagar all-in no turn com J high, mesmo que ela ache que ele está blefando enquanto os blefes dele vencem os dela! É a mão de poker mais louca que eu já vi”, resumiu a “PokerSuzie”. Ao final, ainda sem nada provado, a discussão continua.

Confira o episódio #18 do Poker de Boteco:

 

Discussão parece longe do fim no assunto mais quente do momento